PUC-SP x FCUP

Enfim, posso dizer que minhas “obrigações” no Porto acabaram. A chegada do Carnaval significa fim da época de exames e início de um novo semestre letivo. Agora chegou o momento de me preparar para voltar ao Brasil – mas, mais do que isso, também é hora de avaliar minha passagem pela Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP).

Se eu gostei? Muito. A FCUP me proporcionou experiências que a PUC-SP não poderia, tive aulas no maior hospital de oncologia do Porto, com professores premiados, conheci de pertinho a rotina de um departamento de medicina nuclear, e isso não tem preço, é talvez o mais valioso que levarei comigo para o Brasil.

Se eu aprendi novas coisas? Muitas, dentro e fora do mundo acadêmico.

Se eu saio do Porto satisfeita? Depende... colocando na balança tudo o que me aconteceu aqui, todo o crescimento pessoal, todas as amizades, tudo o que aprendi, todos os lugares que conheci, não há dúvidas de que a resposta seria SIM. Mas falando em termos acadêmicos, NÃO.

A estrutura didática das universidades portuguesas é muito diferente das nossas. No Brasil somos constantemente cobrados, são provas, seminários, atividades, listas de exercícios – estamos o tempo todo sob a pressão das datas de entrega de trabalhos e pesquisas. Estudar é uma obrigação constante. E os professores cobram o raciocínio lógico e crítico. O resultado disso é que chegamos ao final do semestre precisando de apenas alguns pontinhos para “passar” ou apenas querendo aumentar a média.

Em Portugal, as aulas são meramente expositivas e interromper o Sr. Professor Doutor é gafe das grandes! Guarde suas dúvidas para o horário de atendimento! O professor fala e os alunos copiam tudo loucamente sem ter tempo para pensar sobre o que está sendo dito. Raramente algum professor oferece avaliação “por frequência”, que são provas intermediárias, com parte do conteúdo. O tradicional e indicado pela FCUP é fazermos apenas uma prova, o exame, onde é cobrado todo o conteúdo do semestre. Quem não consegue a média no exame pode fazer o pedido do recurso – ou seja, um novo exame. E quem acerta acima de 81% do exame deve defender sua nota numa prova oral. O resultado disso é que no final do semestre o volume de estudo para cada matéria é imenso, mesmo que seja só para revisar!

Eu não consegui o aproveitamento que queria nas cadeiras que cursei, as provas são muito extensas, e depois da terceira hora de prova eu já não conseguia mais raciocinar tão rapidamente, sentia-me cansada e acabava perdendo muito tempo na resolução das questões. Definitivamente, não me adaptei ao estilo português de avaliação. Em contrapartida, também penso que quando um português faz Erasmus, (intercâmbio) no Brasil deve achar uma loucura toda aquela cobrança, todos aqueles trabalhos e provas.

Obs.: Vale lembrar: por mais desesperadora que seja sua situação, nem pense em colar. Aluno que é pego fraudando o exame é imediatamente expulso da UP!